Máquina: a história de uma paixão sem limites

Publicado  segunda-feira, 21 de junho de 2010



Estamos chegando perto do que escolhemos chamar "Apresentação Parcial dos Trabalhos Desenvolvidos até Agora". Durante uma reunião que aconteceu no dia 15/05, decidimos qual o caráter dessa apresentação, que poderia ser uma palestra, uma demonstração técnica dos exercícios desenvolvidos, os primeiros 15 minutos do espetáculo, enfim... Chegamos a conclusão que deveríamos mostrar o que tinha sido criado até então, pois bem, foi o que fizemos, ou pelo menos estamos tentando fazer. Retornamos aos exercícios já praticados, e eu como facilitador deste processo, procurei buscar novamente todos os elementos que haviam sido colocados como motivadores à criação: a máquina, os quatro lugares comuns (trabalho, escola, família e igreja), os guarda-chuvas, o enraizamento e as latinhas como instrumento. É claro que eu não poderia me utilizar de tudo que trabalhamos, se não voltaríamos ao mesmo lugar, por isso sele aquilo que de alguma forma foi mais significante para todos (isso foi notado a partir da leitura de diários de bordo, presentes em frases destacadas por cada dono de diário). Então, juntei tudo isso, com os sentimentos vividos pelo elenco e equipe durante o processo, numa quase meta-linguagem: as indignações, expectativas,  frustrações,  brigas, alegrias e surpresas.

Nosso processo de criação seguiu exatamente o mesmo molde do que estamos encenando: uma máquina numa suposta fábrica. Desde o princípio do projeto, criamos um organograma de hierarquia entre todos os integrantes da equipe (como em uma empresa). O elenco figurou como os operários, trabalhavam duro com os exercícios, construíram cenas sem saber pra que (só ficaram sabendo do que se tratava o projeto, mais de um mês depois) semelhante como o Chaplin que em "Tempos Modernos" que trabalhava duro apertando porcas de algo que ele nem sabia o que era. Como em toda relação empregatícia, tivemos funcionários (atores) que questionavam o trabalho as escuras, era a primeira manifestação do surgimento de um sindicato! Mesmo assim, continuamos seguindo o estabelecido de não revelar, e com isso todos produziram muito bem. Depois de revelado o curso do trabalho (Ionesco, Magritte, Teatro do Absurdo e Incomunicabilidade), tudo se encaixou, como as peças de uma máquina. Todo o material de cenas criado "conversava" e muito bem com a idéia fundamental do trabalho. Com isso, temos uma apresentação não apenas de cena, mas de todo um leque de emoções vividas por todos nós durante esses quase 3 meses de encontros.

O que vamos apresentar é uma espécie de "pré-espetáculo", um prólogo do espetáculo que estreará oficialmente em outubro. Nele retrataremos um dia numa fábrica hipotética, na verdade, o primeiro dia de funcionamento desta fábrica, que vai se constituir no "primeira tentativa de funcionamento desta fábrica". Será possível observar o funcionamento dos seus maquinários, bem como seus operários trabalhando exaustivamente para o pleno funcionamento desta máquina, e que por vezes confundem-se com as próprias peças que a compõem. A fábrica é na verdade só um pré-texto, pois por vezes ela é também um ambiente familiar, religioso ou mesmo escolar. A máquina por sua vez, figura o automatismo do cotidiano humano, que sem piedade alguma, "engole" todos á sua volta mesmo contra todos os esforço de tentar lutar contra. Para garantir o andamento, temos a figura do gerente do parque industrial que comanda também uma equipe de técnicos/mecânicos prontos a reparar todo e qualquer defeito que possa vir à aparecer. Eles representam os agentes que fazem com que todos permaneçam dentro da rotina que nossa sociedade nos obriga a seguir.

Esse pré-espetáculo foi batizado de "Máquina: a história de uma paixão sem limites", o subtítulo é enganoso, mesmo recurso usado por Ionesco em seu espetáculo inaugural (a saber: A Cantora Careca). Em "Máquina", pretendemos denunciar a destruição da comunicação entre as pessoas, porque estas se deixam levar por rotinas inquebráveis, e cotidianos imutáveis; reduzem as suas relações à meras sistematizações, frases vazias de significado, e códigos pré-estabelecidos; o que  com um certo exagero desemboca numa espécie de idiotice sem sentimento algum.

"Máquina: a história de uma paixão sem limites" terá um spin-off em outubro, uma segunda peça derivada desta primeira e diferente desta, ainda que guarde muito elementos semelhantes. Essa segunda versão, chamada previamente de "Máquina 2.0", será a segunda tentativa de de funcionamento da fábrica, depois de corrigido os erros que a fizeram fracassar na primeira vez.

E para finalizar, a divulgação:

Máquina: a história de uma paixão sem limites
Única apresentação no dia 01/07 na Sala 05 da Escola de Teatro e Dança da UFPa, em duas sessões: as 19h30 e as 20h30.

1 comentários:

João Bosco Maia disse...

Estive já por aqui e cá estou outra vez. Belo espaço para as letras e para remover este triste índice de leitura de 2 livros/ano por brasileiro. Na Argentina, são dezoito livros/ano.
Te convido a conhecer meus romances. Três deles estão disponíveis inclusive para serem baixados “de grátis”, em formato PDF.
Um grande abraço e boa leitura!
João Bosco Maia