Se apresentando!

Publicado  terça-feira, 27 de abril de 2010

Me apresentando. Meu nome é Patrick Pimenta e faço parte do Grupo de Teatro Universitário (GTU), estou participando dos registros e documentação do grupo e mais a frente trabalharei com a produção do espetáculo a ser montado neste grupo.
Estou agora me apresentando, porque começarei a postar nesse blog as atualizações, os avanços, as atividades feitas, as propostas e tudo que fazer referencia ao GTU a pedido do diretor do grupo e meu irmão Ives Oliveira.

Assim como a intenção de montar-se um espetáculo a cerca das obras de Ionèsco será de forma conjunta, será também as postagens que informarão a todos sobre o GTU: sempre quem quiser informar algo necessário a respeito do grupo e que não foi citado aqui, basta me procurar e eu adicionarei sem mais delongas. Aceito colaborações sim.

Agora é só aguardar!

Auf Wiedersehen!!

O difícil trabalho de montar uma peça...

Publicado  quarta-feira, 14 de abril de 2010

Gosto cada vez mais do trabalho do GTU. Quando o projeto ainda estava no papel e dentro de uma gaveta de metal frio, isso a mais de um ano atrás, sempre tinha muita curiosidade de ver como isso se daria fora dele. E ainda bem o GTU proporciou essa possibilidade de faze-lo ganhar vida. Tenho muitas e muitas idéias de como fazer isso ir para o palco, mas estou me segurando e deixando para que o grupo encontrei "sozinho" o caminho para fazer essa transposição. Imagino que esse seja o maior desafio, tentar "anular" suas idéias e se manter atento e receptivo as demais idéias que vão surgindo. Assim como outros membros da equipe coordenadora, já tenho diversas idéias de cena, e o espetáculo quase pronto na minha mente. Mas acredito que não seja esse o nosso ideal, e sim deixar a coisa fluir por si só, dando-lhe apenas algumas sugestões e indicações. Ionesco, no prefácio de "Le Possédées" faz uma descrição em tom exagerado e jocoso mas muito convicente, do seu método de trabalho: "É claro que é difícil escrever uma peça; exige esforço físico considerável. É necessário que o autor se levante, o que é cansativo, e que se sente, justamente quando começa a acostumar-se a idéia de estar levantado; é preciso tomar uma pena, que é pesada, pegar papel, que nunca se encontra, sentar-se a uma mesa, que freqüêntemente quebra ao peso dos cotovelos... Por outro lado, é facílimo compor uma peça sem escrevê-la. É fácil imaginá-la, sonhá-la, deitado num sofá, meio adormecido e meio acordado. É só o autor se entregar, sem mover-se, sem se controlar. Um personagem aparece, não se sabe de onde; e chama os outros. O primeiro começa a falar, a primeira resposta vem, foi dada a primeira nota, o resto vem automaticamente. Fica-se passivo, escuta-se, observa-se o que se passa na tela interior..."

De um modo geral, tenho gostado bastante dos rumos que o grupo está tomando. Tenho ficado muito animado com o resultados dos exercícios, que de forma tão natural, o elenco está dando pistas e idéias geniais para solucionar a nossa  instalação cênica. No último encontro, aconteceu um exercício proposto pela equipe de dramaturgia em que os atores formaram uma escola. A imagem em si já dizia tanta coisa, tantas leituras, fiquei com isso na cabeça, que nesse exato momento fervilha de idéias. Ionesco enquanto escritor é altamente intuitivo, e considera a espotaneidade como um fator criador importante, nas palavras do próprio: "não tenho idéia nenhuma quando antes de escrever uma peça; tenho-as quando acabo de escrever a peça ou enquanto não estou escrevendo nada. Creio que a criação artística é espotânea; a minha, pelo menos é". Acho que essa espotaneidade é que deve permear o nosso processo de criação. Antes da gente jogar qualquer idéia, é necessário somente observar o que o grupo está nos "dizendo". Porém compreendo que um "método" assim, a primeira vista, parece sem sentido. Mas acho, assim como Ionesco, que isso não significa a falta de sentido ou sem significação, pois muito pelo contrário, o trabalho da imaginação espontânea é um processo cognitivo, uma exploração, e se utilizando mais uma vez das palavras de Ionesco, exemplifico isso: "A fantasia é reveladora; é um verdadeiro método de cognição; tudo o que é imaginado é verdadeiro; nada é verdadeiro se não for imaginado."

Contos de Ionesco para Crianças. Conto nº 1

Publicado  terça-feira, 13 de abril de 2010

Josete já é uma mocinha, tem trinta e três meses. Uma manhã, como faz todos os dias, ela se dirige com seus passinhos curtos para a porta do quarto dos pais. Tenta empurra a porta, tenta abri-la igual a um cachorrinho. Perde a paciência e os chama, acordando então seus pais, que, pela cara não entendem o que está acontecendo.

Neste dia, papai e mamãe estavam cansados. Na noite passada, eles tinham ido ao teatro, ao restaurante e, logo depois do restaurante, ao teatro de fantoches. E agora estavam com preguiça. Isso não é nada bom para os pais!...

A empregada, ela também perde a paciência, abre a porta do quarto dos pais de Josete e diz:

- Bom dia, senhora, bom dia, senhor,
aqui está o jornal de vocês,
aqui estão as correspondências que receberam,
aqui está o café com leite e açúcar,
aqui está o suco de frutas, aqui estão os croissants,
aqui está a torrada, aqui está a manteiga,
aqui está a geléia de laranja,
aqui está a compota de morango,
aqui está o ovo estrelado, aqui está o presunto,
e aqui está a filhinha de vocês.

Os pais estavam indispostos porque, esqueci de dizer, depois do teatro de fantoches eles ainda foram ao restaurante. Os pais não quiseram tomar o café com leite, não quiseram a torrada, não quiseram os croissants, não quiseram o presunto, não quiseram o ovo estrelado, não quiseram a geléia de laranja, não quiseram o suco de frutas deles, também não quiseram a compota de morango (não era mesmo de morango, era de laranja).

- Dê tudo isso a Josete – Diz o pai à empregada – e, quando ela tiver comido, traga-a aqui de volta.

A empregada toma a menina nos braços. Josete esbraveja. Mas, como é gulosa, consola-se na cozinha, comendo: a geléia da mamãe, a compota do papai, os croissants do papai e da mamãe; e bebe o suco de frutas.

– Nossa! Que comilona! – diz a empregada. – Sua barriga é maior que o olho!...

E, para que a menina não passasse mal, a empregada é quem toma o café com leite, come o ovo estrelado, o presunto e também o arroz-doce que sobrou da noite passada.

Enquanto isso, papai e mamãe voltam a dormir e roncam. Não por muito tempo. A empregada torna a levar Josete para o quarto dos pais.

– Papai!... – diz Josete –, Jaqueline (é o nome da empregada), Jaqueline comeu o seu presunto.
– Não faz mal – diz Papai.
– Papai – diz Josete –, me conte uma história.

E enquanto a mamãe dorme, porque está ainda exausta da noitada, papai conta uma história a Josete.

– Era uma vez uma menina que se chamava Jaqueline.
– Como Jaqueline? – pergunta Josete.
– Sim, mas não é a Jaqueline. Jaqueline era uma menina. Ela tinha uma mãe que se chamava Sra. Jaqueline. O pai da pequena Jaqueline se chamava Sr. Jaqueline. A pequena Jaqueline tinha duas irmãs que se chamavam Jaqueline, duas primas que se chamavam Jaqueline, e uma tia e um tio que se chamavam Jaqueline. O tio e a tia, que se chamavam Jaqueline, tinham dois amigos que se chamavam Sr. Jaqueline e Sra. Jaqueline, que tinham uma menina que se chamava Jaqueline e um menino que se chamava Jaqueline, e a menina tinha bonecas, três bonecas, que se chamavam: Jaqueline, Jaqueline e Jaqueline. O menino tinha um amiguinho que se chamava Jaqueline e dois cavalos de madeira que se chamavam Jaqueline, e soldados de chumbo que se chamavam Jaqueline. Um dia, a pequena Jaqueline, com sei pai Jaqueline, seu irmãozinho Jaqueline, sua mãe Jaqueline, vai ao parque. Lá, ela reencontra os seus amigos Jaqueline com a menina Jaqueline, com o menino Jaqueline, com os soldados de chumbo Jaqueline, com as bonecas Jaqueline e Jaqueline.

Papai está contando suas histórias à pequena Josete quando a empregada entra no quarto. Ela diz:

– O senhor vai deixar essa menina doida!

Josete diz à empregada:

– Jaqueline, a gente vai ao mercado?

(Como eu disse, a empregada também se chamava Jaqueline.)

Josete vai ao mercado fazer compras com a empregada.

Papai e mamãe voltam a dormir porque estão muito cansados, na noite passada eles foram ao restaurante, ao teatro, de novo ao restaurante, ao teatro de fantoches, depois de novo ao restaurante.

Josete entra no mercado com a empregada e lá encontra uma menina acompanhada dos pais.

Josete pergunta à menina:

– Quer brincar comigo? Como é o seu nome?
– Jaqueline – responde a menina.
– Já sei – diz Josete à menina –, o seu pai se chama Jaqueline, o seu irmãozinho se chama Jaqueline, a sua boneca se chama Jaqueline, o seu avô se chamava Jaqueline, o seu cavalinho-de-pau se chama Jaqueline, a sua casa se chama Jaqueline, o seu peniquinho se chama Jaqueline...

Então o dono do mercado, a dona do mercado, a mamãe de uma outra menina, todos os clientes que estavam no mercado se voltaram com os olhos arregalados para Josete.

– Não é nada – diz a empregada, tranquilamente –, não se preocupem, são as histórias sem pé nem cabeça que o pai dela conta.

FONTE: IONESCO, Eugène. Contos de Ionesco para Crianças. São Paulo: Martins Fontes, 2008.

Apresentando a equipe aos visitantes do blog

Publicado  sábado, 10 de abril de 2010

Dentro do projeto, a equipe está dividida em coordenações que comandam subequipes de trabalho em áreas específicas em diálogo com a coordenação geral do projeto. Abaixo os cargos, os nomes e as funções:

Coordenação do projetoIves Oliveira
Tem como objetivo cuidar para que cada coordenador de área específica mantenha os compromissos acordados no projeto, levando em consideração os objetivos, metas, cronograma e orçamento, bem como manter a expectativa do resultando esperado, satisfazendo o elenco, patrocinadores, curadoria e equipe;

Assistência de projeto – Patrícia Zulu
Auxilia o coordenador de projetos nas suas atribuições, faz a ligação entre as demais coordenações e é responsável pelas atividades administrativas do projeto;

Coordenação de dramaturgia – Rosilene Cordeiro
Responsável pela equipe que juntamente com a direção e elenco selecionam textos dramáticos para estudos e discussão entre todos, e incentivam a composição dramatúrgica de acordo com as necessidades da encenação;

Coordenação de teatro – Ana Marceliano Nunes
Responsável pela equipe que juntamente com a direção e preparador corporal realiza pesquisa de exercícios corporais, voz e dicção, jogos teatrais e dinâmicas de grupo, adequados a necessidade do trabalho e da encenação, bem como aplicação destes ao elenco;

Coordenação de visagismo – Esmael Raymon
Responsável pela equipe que juntamente com a direção e elenco criará o visual, discriminado em maquiagem, cabelo e acessórios;

Coordenação de figurino – Hilssy de Nazareth
Responsável pela equipe que junto com a direção e elenco desenha e/ou providencia o figurino, de acordo com as necessidades da encenação;

Coordenação de cenografia – Álvaro de Sousa
Responsável pela equipe que juntamente com a direção e elenco projeta os adereços e cenário, e supervisiona a construção, pintura e instalação deste;

Coordenação de música – Diego Vattos
Responsável pela equipe que juntamente com a direção e elenco criará a sonorização da cena, bem como a pesquisa de instrumentos de acordo com a necessidade de encenação;

Coordenação de iluminação – Marckson de Moraes
Responsável pela equipe que juntamente com a direção e elenco criarão projetos de luz para a cena;

Coordenação de vídeo – Marcelo Marat
Responsável pela equipe que juntamente com a direção e elenco constroem roteiro de cenas e ações para o vídeo a partir de pesquisa no contexto da encenação e outras fontes;

Coordenação de pesquisa, estudo e discussão – Giovana Miglio
Responsável pela equipe que juntamente com a direção realiza pesquisa de comunicações que versem sobre a temática do projeto, organiza e promove o estudo e discussão entre os participantes, incentiva e controla os registros do processo (diário de bordo);

Pesquisador convidado – Erllon Viegas
Realiza o registro etnográfico do processo;

Dentro da encenação, da montagem da instalação cênica prorpiamente dita, a equipe está dividida em direções de áreas específicas em acordo com a direção geral. Abaixo os cargos, os nomes e as funções:

Direção geral – Ives Oliveira
Responsável pela coordenação geral de todos os aspectos envolvidos com a encenação, em conjunto com todas as direções específicas;

Direção de elenco – Rosilene Cordeiro
Responsável de ensaiar o elenco, em acordo com decisões em conjunto com a direção geral;

Direção de palco – Ana Marceliano Nunes
Responsável pela sincronia da encenação entre todas as suas áreas, bem como a organização de atores em cena, as luzes, o som, cenário, adereços, vídeo e contra-regragem;

Direção musical – Diego Vattos e Rubens Santa Brígida
Responsável pela organização dos sons dentro da encenação;

Direção de vídeo – Marcelo Marat
Responsável por todas as etapas da criação do vídeo, desde a especificação do equipamento necessário, passando pelo posicionamento dos instrumentos e pessoas durante a gravação, até a edição;

Direção de arte – Álvaro de Sousa
Responsável pela concepção visual, orientando os trabalhos cenografia, figurino e visagismo, a fim de obter uma coerência visual;

Assistência de direção – Breno Monteiro
Auxilia a direção em todas as suas atribuições, facilitando o diálogo entre esta e produção que resulta na criação de condições para o trabalho de ambas;

Produção – Patrick Pimenta
Responsável pelos aspectos administrativos, financeiros, de marketing e publicidade;

Preparador Corporal – Leandro Haick
Responsável pela equipe que juntamente com a direção, propõem e aplica exercícios físicos de experimentação em diversas técnicas corporais;

Músico – Diego Vattos, Gabriela Maurity, Ramón Rivera, Rubens Santa Brígida e Wanessa Solli
Responsável pela reprodução da trilha sonora durante a encenação;

Consultoria – Edson Fernando
Ajuda a equipe na busca da melhor maneira de resolver problemas específicos, dando conselhos ou pareceres acerca do assunto.

 As funções foram discutidas e acordadas em reunião com toda equipe.

Muita diversão para meu gosto...

Publicado  sexta-feira, 9 de abril de 2010

As primeiras duas semanas de GTU foram basicamente para a gente se conhecer, saber quem são essas pessoas que estão interessadas em fazer teatro, e também eles conhecerem quem é essa equipe que vai facilitar esse fazer teatral. Somos numeroso: 85 no elenco, e 20 compondo a equipe, é um número quase exagerado, e que em algumas práticas, me faz pensar que vou ficar louco. Fizemos principalmente trabalhos de corpo (alongamento, dilatação corporal, partitura corporal, ritmo, respiração, esgotamento e danças), também fizemos muitos jogos teatrais, na sua grande maioria, muito divertidos; e na minha opinião é que está me incomodando, pois tudo me parece sempre muito divertido, acho que esta faltando um pouco de dor e sofrimento tão presentes no teatro. Espero logo que essa fase (seguindo o conograma) de exercícios passe bem rápido, estou pirando para logo pegar esse pessoal e começar a moldar as matrizes pessoais que eles estão trazendo. Por hora, é isso...