Uma máquina que canta a incomunicabilidade humana

Publicado  terça-feira, 30 de agosto de 2011



Espetáculo “Máquina: a história de uma paixão sem limites”, do Grupo de Teatro Universitário, volta a encenar o automatismo das relações.


As máquinas entram em cena para revelar e desmembrar mais uma vez as relações humanas em todo seu absurdo quase maquinário. Os personagens são os mesmos que fizeram a máquina funcionar tempos atrás, mas a dinâmica da peça é outra, com elementos surpreendentes e muito mais musical. O Grupo de Teatro Universitário volta a apresentar o espetáculo “Máquina: a história de uma paixão sem limites” nos dias 3, 4, 10 e 11 de setembro, aos sábados às 20h07 e domingos em duas sessões, 17h33 e 20h07, sempre na Sala 5 da Escola de Teatro e Dança da UFPa (ETDUFPA).

O espetáculo mostra a saga do casal Durand em busca do seu tão sonhado negócio. O casal consegue, após algum esforço, construir um verdadeiro império em forma de empresa,  onde seus funcionários são como peças de uma grande fábrica. A figura mais temida por estes é justamente uma velha amiga da família, a Crítica/Gerente, que muda para sempre o destino da família Durand e o andamento de sua Máquina.

Os atores do grupo encarnam problemas do cotidiano comuns à humanidade e levam o público a também identificar-se como uma peça moldada para a sociedade, afinal a grande maioria da população acorda diariamente para o seu emprego, igreja, sala de aula e outros aspectos do cotidiano e por vezes não se percebe enquanto massa de manobra, quase sem vida própria. Aliás, a fábrica de “Máquina” é na verdade um pretexto , pois por vezes ela é também um ambiente familiar, religioso ou mesmo escolar. A máquina figura o automatismo do cotidiano humano que, sem piedade alguma, engole todos à sua volta. E tudo isto é retratado com muito humor – e sem piadinhas infames no intervalo do cafezinho.

O trabalho de concepção e realização do espetáculo sempre se encaixou muito bem com a dinâmica de uma fábrica. Ives Oliveira, diretor do espetáculo, afirma que “é impressionante como todo o material de cenas criado ‘conversava’ muito bem com a idéia fundamental do trabalho, e com isso, temos uma apresentação não apenas de cena, mas de todo um leque de emoções vividas por todos nós durante todo o período de ensaio, inclusive após a vitoriosa estréia no ano passado. As pessoas se identificam com a peça, e é muito gostosa de assistir e se divertir”, diz orgulhoso.

Como marca da pesquisa do Grupo de Teatro Universitário, a peça flerta com música o tempo inteiro, mas desta vez, canções que marcam o popular alienante das massas dão o tom em cena, além de versões inusitadas de canções célebres de musicais, interpretadas nesta temporada por Bárbara Gibson, Leandro Oliveira, Giovana Miglio, Fábio Tavares, Vittória Braum, Delianne Lima, Marília Berredo, Ed Amanajás, Erllon Viegas e Thainá Chemelo.

O processo de criação do espetáculo seguiu sempre nos moldes da poética absurda de Ionesco, e fundamentada nos princípios de Taylor e Fayol, teóricos da teoria geral da administração. O espetáculo conta com máquinas, empregados, gerentes mal-humorados, desmotivados e uma gama de relações líquidas a se dissolver. Os males do homem contemporâneo, especialmente no que tange a incomunicabilidade, perpassam por este maquinário.

A “Máquina” é um convite a (re) pensar as nossas relações humanas no absurdo que no fundo a tange. E com uma boa dose de risadas.


SERVIÇO: Máquina: a história de uma paixão sem limites”, dias 3, 4, 10 e 11 de setembro (sábados e domingos), aos sábados às 20h07 e domingo às 17h33 e 20h07, na Sala 5 da ETDUFPA (R. Jerônimo Pimentel, esquina com a R. Dom Romualdo de Seixas – Umarizal). Ingressos a R$9,99 a inteira e R$4,99 a meia, com direito a troco. Mais informações: 8292-8567 | 8166-0807 | Twitter: @gtu_maquina | Facebook: http://www.facebook.com/pages/M%C3%81QUINA/187587254633391


Texto: Leandro Oliveira (ASCOM – Grupo de Teatro Universitário)



Ficha Técnica:
Direção geral: Ives Oliveira
Assistência de direção: Erllon Viegas e Giovana Miglio
Direção de palco: Breno Monteiro
Direção coreográfica: Silmara Frazão
Direção de arte: Hilssy de Nazareth
Direção musical: Diego Vattos e Luciano Lira
Letrista: Ivso Souza
Iluminação: Marckson de Moraes e Rejane Lima
Preparação vocal: Guál Dídimo e Bárbara Gibson
Preparação corporal: Leandro Ferreira
Designer gráfico: Raissa Araújo
Assessoria de imprensa: Leandro Oliveira
Assistência geral: Patrícia Zulu
Curadoria: Iara Regina, Jorane Castro, Olinda Charone e Wlad Lima
Elenco: Adhara Belo, Adibe Pureza, Bárbara Gibson, Cristiano Sousa, Daniele Santos, Delianne Lima, Ed Amanajás, Érika Mindelo, Erllon Viegas, Fernanda Cruz, Fábio Limah, Fábio Tavares, Giovana Miglio, Isabela Figueiró, Isabela Campos, Janne Sombra, Kauan Amora, Leandro Oliveira, Leonardo Andrade, Leonardo Bahia, Luana Klautau, Marília Berredo, Nilton Cézar, Starllone Souza, Thainá Chemelo, Valéria Lima, e Vittória Braum.

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